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Fala-se muito do aumento número de pessoas que decidem viver sozinhas, mas, de forma geral, seja na maneira “oficial” ou, como dizem alternativamente, “em uma união estável”, ter uma pessoa ao lado ainda é a norma em nossa sociedade.
E quando falamos em relacionamentos, o assunto “dinheiro” é um tema bastante delicado.
O dinheiro é visto como um tabu para muitos casais, um assunto até proibido.
Ao mesmo tempo em que as pessoas têm essa visão negativa do dinheiro na vida a dois, há muitos estudos e pesquisas que demonstram que, discussões e desentendimentos relacionados ao “dinheiro” são uma das principais causas de desgastes, muitas vezes resultando em brigas e separações.
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Então eu te pergunto:
– Será que existe alguma relação entre esses dois fatos – a visão negativa do dinheiro nos relacionamentos e o alto índice de desentendimentos dos casais?
Sim, existe uma relação direta.
Tenho acompanhado, há anos, estudos e pesquisas nacionais e internacionais sobre esta questão e observo a postura de muitos casais que atendo em atividades de Consultoria e Planejamento Financeiro, e vejo que as situações se confirmam.
Ouço com frequência estas frases:
– Meu casamento está por um fio devido aos nossos problemas financeiros;
– Nossa situação financeira está comprometendo nosso relacionamento;
– Hoje estou fora de casa devido aos problemas financeiros;
Este tema merece muito aprofundamento. Mas eu posso dizer que há três erros muito comuns nesta área que atrapalham os relacionamentos. Muitos casais sequer percebem que estão cometendo estes erros.
Eu vou descrevê-los a seguir:
Erro 1:
A maioria das pessoas/casais não querem assumir suas responsabilidades.
Independente de ser casado ou solteiro, a construção de uma vida financeira saudável e o consequente enriquecimento envolve “responsabilidade”.
Para evoluir financeiramente precisamos estudar, aprender, aplicar, fazer escolhas, sacrificar, contribuir, colaborar, direcionar nossas ações.
E em muitos casais, o que acontece é um jogar a responsabilidade para o outro. Umas das formas de fugir da responsabilidade é se colocando como coitado, como fracassado, como incompetente.
Quer dizer, o que mais vemos são as pessoas encontrando desculpas ou justificativas diversas para descrever suas situações financeiras insatisfatórias ou até precárias.
Há outros culpados: impostos, desemprego, inflação, falta de reconhecimento do chefe, olho gordo, azar, inveja.
Ao fazer isso elas potencializam seus erros e se afastam cada vez mais da autonomia financeira indo para o lado oposto, das dívidas, das frustrações e da infelicidade.
E na saúde do casal, essa postura é muito nociva.
Erro 2:
A maioria das pessoas/casais querem sempre o caminho fácil e sem esforço.
O fato de ter problemas financeiros não significa que homens e mulheres estejam parados.
Pelo contrário, a insatisfação financeira gera uma busca constante pela solução definitiva para as preocupações financeiras.
Mas parece que há uma inclinação, uma atração pelas soluções fáceis e milagrosas que sugerem enriquecimento rápido e sem muito esforço.
Investimentos com rentabilidades altas, pirâmides financeiras e até misticismo e religiosidade entre no rol de soluções que as pessoas buscam.
Estão sempre buscando respostas prontas e de fácil e imediata aplicação.
A chamada “lei do mínimo esforço”.
Essa inclinação, somada a existência de manipuladores e oportunistas que adoram se aproveitar da boa fé das pessoas faz com que muitos encontrem o caminho obscuro e incerto do sucesso financeiro.
No final se veem rodando em círculos, perdidas, desperdiçando seu dinheiro, alimentando sonhos e projetos que são construídos em montes de areia, e o tempo passando, comprometendo sua autoestima e a qualidade do relacionamento.
Erro 3 (O mais grave):
Profundo desconhecimento sobre Educação Financeira
Quer sejam cultas ou não, morando em metrópoles ou em pequenas cidades, poucas pessoas em nossa sociedade dominam com segurança os princípios da Educação Financeira.
Existe muita coisa disfarçada de Educação Financeira, mas que é pura enganação. E as pessoas entram nessa e ficam aplaudindo pessoas que “des-ensinam”, aplicando conceitos vagos e extremamente superficiais.
Para ilustrar essa realidade do péssimo nível de educação financeira das pessoas, quero relatar um comentário da Renata Lo Prete, âncora do Jornal da Globo.
Em uma das edições do noticiário ela dizia que, em um evento com executivos do Banco Central do Brasil, ela ouviu de um deles a seguinte afirmação:
“- O nível de Educação Financeira do brasileiro é pior que o nível da Educação Formal.”
O que ele quis dizer com isso?
O brasileiro tem um desempenho sofrível nas disciplinas escolares tradicionais como português, matemática, ciências, etc. Mas ele consegue ser ainda pior em Educação Financeira.
Eu mesmo tive acesso à Educação Financeira aos 41 anos de idade. Senti na pele as consequências da falta de educação financeira, e isso, não significava que eu tinha pouco estudo – tive o privilégio de estudar em uma das principais universidades do país – USP – e isso me levou a atuar em grandes empresas – Credicard, Estadão, Banco Itaú.
E mesmo com bons rendimentos eu vivia com preocupações financeiras, correndo atrás do dinheiro, e isso me levou a inúmeros problemas.
Eu buscava sempre o melhor, acreditava que estava indo no caminho certo, trabalhando 12 horas por dia focado em sempre ganhar mais dinheiro pois isso melhoraria tudo, inclusive a qualidade do relacionamento.
E o resultado foi outro. Me distanciei da família e dos filhos, percebi que esta praticamente “enxugando gelo”, cheguei a uma depressão profunda e muitos problemas familiares e conjugais.
O que fazer então?
Cada situação é única. Mas eu posso te afirmar que, se este tema é uma preocupação para o bem estar do seu relacionamento, você deve:
- Admitir que é parte do problema, entender que também não está sendo competente para administrar as finanças no âmbito conjugal;
- Entender que o analfabetismo financeiro é cultural na sociedade, ninguém erra porque quer. As pessoas erram porque não sabem fazer da forma correta; portanto não se sinta culpado;
- Compreender que é preciso menos divergência e mais entendimento (diálogo, reflexão) do casal em relação ao uso do dinheiro
- Buscar conhecimento, seja de forma autônoma, fazendo cursos ou buscando orientação profissional (só admitir os tópicos anteriores não mudarão a situação);
- Enxergar que a saúde financeira conjugal é um bem precioso para os relacionamentos. Na verdade a educação financeira pode salvar muitos relacionamentos.
Espero ter contribuído de alguma forma para você melhorar nesta área. Se tiver alguma evolução, a qualquer momento manda o nosso depoimento.
Abaixo segue um a palestra “Prosperidade Financeira para Casais”, com um abordagem complementar a este artigo Assista agora”